10.09.2005

::Dor

Vou me sufocar com tanto sentimento. Suo sangue, bato-me contra a parede, grito. As estrelas caem, eu fujo delas. Você brinca comigo, eu corro até os seus braços.

Grito. Perco a minha voz implorando para que você volte. Você não volta; nem voltará. Posso ver as suas costas indo embora enquanto o meu mundo desaba. Tinta, cal e cimento.

Quero o seu sangue. Quero que você sofra ao menos a metade do que eu estou sofrendo. Quero te ver chorar. Quero ver você morrendo por amor. Amor! Quero que você o sinta.

Mastiga a minha dor, a minha carne, o resto do meu coração. Usa-me do jeito que você mais gosta e depois me joga fora; não sirvo para nada.

Sou lixo, eu sei. Mas o seu lixo.

Faz tanto tempo e não passa. A dor, sempre a mesma filha-da-puta, fazendo-me pular dos prédios mais altos. Ela não me abandona, nunca. Nem quando estou prestes a morrer ela vai embora.


Me aperta o peito. Pisa sobre o meu rosto. Me torna viva.

Viva? Quase-morta.

Preciso ir embora, me deixa ir. Fiquei aqui tempo demais, já passou da minha hora.

Não, eu fico. Sempre fico. Esperando a dor passar, e quando ela passa eu faço tudo de novo. Tudo pior. Tudo de mim.

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