4.03.2007

-Sobre a consulta, de novo.

-Eu queria, naquela época, que todo mundo soubesse exatamente o que estava passando dentro da minha cabeça. Tinha comigo uma certeza que não deixava ninguém questionar: grite o mais alto que puder que quando sua voz acabar o motivo terá acabado também. A maior besteira de todas, mas eu acreditava piamente nisso. Sabe como é?
-Mentia para si mesma?
-Sim, mas isso eu sempre faço. A diferença é que naquele tempo eu inteira acreditava. Acho que foi a única vez que eu consegui unificar todas as diferentes visões de um problema em uma única mentira.
-Hum, sei.
-Assim eu passava o tempo todo contando sobre aquele historia. Claro que depois de um tempo ninguém mais agüentava me ouvir contar.
-E o que você fez? Parou de contar?
-Não, inventei outros ouvintes. Em poucos dias todas as pessoas que me conheciam sabiam sobre a minha dor. Então passei a conhecer outras pessoas. Ate que não havia mais ninguém disposto a ouvir minha ladainha. O que nos faz chegar a minha brilhante solução, que se transformou em problema é por isso estou aqui de novo.
-E qual é a solução?
-Conto para ninguém. Passo todos os dias falando com o nada. Nunca acharei ouvinte melhor.
-E o problema?
-Ele começou a responder.

2 comments:

Anonymous said...

Cheguei a sentir uma pitada de humor negro nesse texto, foi impressão?!

Samuel Punzi said...

Do caralho!
A imperessão que eu tive
Me apertou contra a parede
Fiquei todo arranhado feito gato no cio
Se eu gritar
Quero que todo mundo ouça...
VAI SE FODER!
Vou jogar um tijolo e quebrar a vidraça
Se vierem me perguntar quem foi
Quem foi?
Sei lá quem foi!
Sei lá se foi!
Aconteceu...